Estudo indica que acreditar em conspirações tem a ver com desordem mental

Um estudo realizado por três cientistas da Universidade de Vrije, do NCSR de Amsterdam, Holanda, e da Universidade de Kent, no Reino Unido, revelou um elo entre acreditar em conspirações e a percepção do padrão ilusório — a tendência da mente de ver coisas onde não existem.

O grupo usou uma série de lançamentos de moedas simuladas aleatoriamente e perguntou aos entrevistados para avaliar se esses lançamentos eram realmente aleatórios ou em uma seqüência.

Os entrevistados que viram padrões nos lançamentos de moedas também foram os que obtiveram o maior índice de crença em teorias de conspiração existentes e crença no sobrenatural.

Levando em conta que a ciência não é feita com apenas um experimento, eles seguiram com um segundo teste para investigar se houve quebras nos padrões ou desvios nos resultados, bem como um terceiro teste usando arte abstrata em vez de moedas para que os sujeitos encontrassem padrões.

Além disso, com um grupo, fizeram com que lessem uma pequena literatura de conspiração antes, o que também aumentou a crença.

Conspirações: uma criação do cérebro para colocar ordem no caos

A conclusão é que o cérebro humano é uma máquina de fabricação de padrões. Armazenamos memórias e aprendemos com a experiência para gerirmos nosso futuro. Mas na maior parte da história, tivemos apenas que conviver em ambientes pobres de informação, e quando surgiu os meios de comunicação de massa, isso passou a dominar nossas vidas. E a biologia complexa do cérebro não teve muito tempo para se adaptar a essa mudança.

Normalmente e subconscientemente a gente tenta encontrar conexões no caos, e muitas mentes simplesmente não são capazes de perceber quais dessas conexões são válidas e quais não.

Às vezes, até mesmo criamos sequências aleatórias por acidente e não exatamente verdadeiras.

Não gostamos de admitir que a existência é uma grande e descuidada teia de chances. Construir uma narrativa nos permite processar mais facilmente eventos aleatórios de forma que possamos controlar.

Como vídeos e textos sobre conspirações se tornaram mais potentes, disseminados, estamos muito mais expostos à materiais suscetíveis a enganar a nossa mente. Ou, no mínimo, inserir uma dúvida.

Com o Facebook e o fato de se espalhar muito mais teorias e notícias falsas, o que costumava ser crenças marginais agora são generalizadas, e quanto mais elas se espalham, mais poder que elas têm.

Um estudo de 2008 também remete ao assunto, quando descobriram que as pessoas que não tinham muito controle sobre sua situação atual viam padrões em imagens aleatórias, como a estática de uma TV. Essas pessoas eram mais propensas também a acreditar no sobrenatural.

Basicamente o ser humano busca um método para ordenar a desordem, mesmo que as conexões sejam falsas.

No final das contas, a solução para essa teia de mentiras é criar um pensamento mais crítico e científico. Questionador. Os autores de teorias da conspiração não vão parar. Pelo contrário, surgirão muito mais deles, pois é agora que estão ganhando dinheiro como nunca.

Claro que treinar o cérebro é um trabalho árduo. Mas devemos lutar para focar em situações e informações que condizem com a realidade, não com um mito ou conto de fadas — algo que nosso cérebro constantemente cria para tentar se adaptar.

Vale para política. Vale para religião. Vale para conspiração.

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