O dia 25 de julho deste ano foi marcado pela descoberta definitiva de água em Marte, obtida através de análises de cientistas da Agência Espacial Italiana.

De acordo com os especialistas, há evidência de um reservatório subterrâneo permanente de água líquida há 1,5 km abaixo de uma camada de gelo, próxima ao Polo Sul de Marte. “Trata-se de um lago com 20 quilômetros de diâmetro”, explica Roberto Orosei, pesquisador da Universidade de Bolonha e principal autor da descoberta.

Este é um passo que nos aproxima da tão esperada descoberta por vida no Planeta Vermelho.

“Sem água, nenhuma forma de vida como a conhecemos poderia existir. Por isso é grande o interesse na detecção de água líquida em outros planetas”, acrescenta a pesquisadora Anja Diez, do Instituto Polar Norueguês.

No estudo, a equipe se baseou em análise de dados obtidos pela Mars Express, uma sonda espacial lançada em 2003 pela Agência Espacial Europeia e pela Agência Espacial Italiana.

“Em comparação com os lagos terrestres, é um lago pequeno com seus 20 quilômetros de diâmetro. Mas não conseguimos saber a profundidade do lago porque a água atenua o sinal do radar. O que sabemos é que (a profundidade) é de pelo menos de um metro – ou o radar não seria capaz de revelar sua existência. Mesmo no caso mais pessimista, portanto, acredito que o volume de água deve ser de várias centenas de milhões de metros cúbicos.”, diz Orosei .

O astrônomo explicou à BBC que este é o único lago descoberto em Marte até agora, mas sugere que por lá ainda deve haver grande quantidade de água líquida, sobretudo nas calotas de gelo.

“Acidentes geográficos como vales mostram que água líquida deve ter sido presente em Marte no passado. Mas apenas pequenas quantidades de água gasosa haviam sido identificadas na atmosfera, além de água congelada. Gotículas de água foram vistas condensando e havia a hipótese de água líquida em encostas durante o verão marciano. Corpos estáveis de água líquida, entretanto, até o momento não haviam sido encontrados.”, ele completa.

Tudo apenas foi possível devido ao Marsis (Mars Advanced Radar for Subsurface e Ionosphere Sounding), um equipamento que envia pulsos de radar capazes de penetrar nas superfícies e nas calotas de gelo de Marte.

O processo funciona como um raio-X do Planeta: o Marsis mede como as ondas de rádio se propagam e envia para a Mars Express os dados, que serão avaliados por cientistas para detectar a composição do que há abaixo da superfície.

A equipe analisou dados da Marsis coletados entre maio de 2012 e dezembro de 2015, para observar todas as estações do ano no Planeta, onde as temperaturas variam entre os 140 graus negativos no inverno, e 30 positivos no verão.

Um ano marciano é equivalente ao dobro do ano terrestre.

Mas e a vida em Marte?

 “Certamente essas não são as condições mais aprazíveis para qualquer tipo de vida. Mas sabemos que em condições semelhantes, em lagos da Antártida, há alguns organismos pluricelulares que sobrevivem.”,  afirma Orosei.

Essa não é a única descoberta que sugere a existência de vizinhos extraterrestres.

A BBC relembra que no mês passado duas pesquisas, publicadas na revista Science, cientistas da NASA reacenderam essa questão com dados coletados pelo rover Curiosity, o pequeno Wall-E que explora os solos de lá desde 2012.

Mas nada é semelhante aos homenzinhos verdes representados na ficção por aqui.

Um dos estudos concluiu que as variações de temperatura de Marte causam liberação de gás metano, algo sempre associado ao desenvolvimento da vida aqui na Terra. Isso porque o metano é uma molécula orgânica simples, e um elemento potencial de processos biológicos.

A outra pesquisa encontrou vestígios de compostos orgânicos em rochas de Marte: tiofeno, o metanotiol e dimitilsulfureto, que estavam impregnados em amostras de solo de 3 bilhões de anos atrás.

Na Terra, a vida é abundante, e não há um lugar sequer que não exista vida se renovando. Isso vai além de seres humanos ou mamíferos. Mas se estende em milhões de microorganismos que são ocupados com complexas microatividades.

Essas descobertas reacendem nossa imaginação por um Planeta vizinho onde há vida em suas mais diversas formas, se desenvolvendo, evoluindo, ou se adaptando.

 

*Com informações da BBC.

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