Nos momentos finais de sua missão, a sonda Blue Ghost capturou as primeiras imagens em alta definição de um pôr do sol na Lua.
O evento, que difere sutilmente do crepúsculo terrestre, pode ajudar a esclarecer um fenômeno intrigante registrado pela primeira vez na década de 1960: o brilho do horizonte lunar.
A Blue Ghost, desenvolvida pela empresa privada Firefly Aerospace, do Texas, pousou com sucesso na região de Mare Crisium, na Lua, em 2 de março.
Financiada pela NASA, a missão teve 14 dias para completar dez experimentos antes que a escuridão lunar tomasse conta da área e encerrasse sua operação.
Durante essa fase, as temperaturas despencam para -133ºC perto do equador e são ainda mais extremas nos polos, tornando praticamente impossível a sobrevivência da maioria dos equipamentos.
No dia 16 de março, o pôr do sol chegou e selou o destino da sonda. Mas antes do fim, ela capturou imagens espetaculares do Sol desaparecendo no horizonte e da Lua mergulhando na escuridão.
As imagens, registradas de diferentes ângulos e compiladas em um vídeo, mostram um brilho sutil se formando acima da superfície lunar conforme o Sol se põe. Também é possível ver a Terra e Vênus ao fundo.
Esse brilho misterioso, chamado de “brilho do horizonte lunar”, foi registrado pelas espaçonaves Surveyor 5, 6 e 7 na década de 1960.
Cientistas suspeitam que ele seja causado pela dispersão da luz em uma nuvem de partículas de poeira suspensas na atmosfera rarefeita da Lua. E as novas imagens HD podem oferecer pistas para confirmar essa teoria.
“Estamos buscando identificar um fenômeno chamado ‘brilho do horizonte’ ou um mecanismo conhecido como ‘elevação de poeira’,” explicou Joel Kearns, administrador adjunto de exploração da Diretoria de Missão Científica da NASA, em uma coletiva de imprensa.
A elevação de poeira ocorre quando partículas na superfície lunar são carregadas por radiação ultravioleta solar, criando uma repulsão eletrostática que pode levá-las a flutuar acima do solo.
Se as imagens comprovarem esse fenômeno, poderemos entender melhor como a poeira lunar se comporta, informação essencial para futuras missões tripuladas.
Embora leve algum tempo para analisar as imagens, Kearns destacou a importância histórica do registro. “Estou muito feliz porque essas são as primeiras imagens em alta definição de um pôr do sol lunar e da transição para a escuridão.“
Essa descoberta não só ajuda a resolver um mistério de décadas, mas também fornece dados importantes para futuras missões que explorarão a superfície lunar.
Com mais imagens e estudos, talvez possamos finalmente compreender o enigma do brilho lunar. Fascinante, não acha?
Dá uma olhada no vídeo:
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