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Homem-Aranha: Através do Aranhaverso | Crítica

Eu sou um fã apaixonado pelo Homem-Aranha, afinal de contas quem não seria? O herói conquista a todos com seu humor, simplicidade e senso de justiça – qual é incorruptível e segue o personagem em cada uma de suas versões. Dito isso, quero deixar claro que cheguei aos cinemas esperando algo inferior ao primeiro longa-metragem – já que os trailers prometiam confrontos e um verdadeiro mergulho nesta história do multiverso.

A Marvel Studios no geral já me cansou com este assunto. É Wanda tentando atravessar diversas versões para chegar aos filhos, Doutor Estranho viajando com América Chavez, Loki para lá, Homem-Formiga e o próprio aracnídeo de Tom Holland para cá…eu já assisti conflitos neste âmbito, tanto nos filmes, nas HQs e até mesmo em jogos. Para quê eu sairia de casa para ver uma grande rinha de amigões da vizinhança, sabe?

No entanto, a imagem que o trailer me vendeu é completamente diferente daquela que eu enxerguei em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. Sim, caros leitores, a produção que você verá é completamente diferente daquilo que os vídeos promocionais está vendendo. E ainda bem, para ser ainda mais honesto. Com uma história tão boa e até mais impactante do que o primeiro, vemos Miles Morales sob um novo olhar e abrirá ainda mais esta trama para os personagens que já estavam envolvidos na aventura anterior.

Um mergulho para o Homem-Aranha

Se o seu antecessor estava preocupado demais em erguer Miles sobre o legado criado por Peter Parker, homenageando toda a sua trajetória como super-herói, o segundo tenta algo diferente desta vez. Agora eles fazem o novo aracnídeo andar com suas próprias pernas e viver a sua história. E não apenas ele, mas também a figura de Gwen é ainda mais relevante nas decisões e se torna uma das estruturas centrais do longa-metragem. Tanto que dá até para discutir um co-protagonismo de ambos no filme novo.

Em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso vemos uma história mais íntima, pegando estes personagens onde dói mais em suas vidas e trazendo isso à tona sem a menor cerimônia. Lembra que Gwen falou sobre o Peter do universo dela, aquele que virou o Lagarto? Aqui eles mostram muito mais do que aconteceu entre os dois. A família de Miles é essencial para o desenvolvimento da trama, trazendo alguns momentos realmente emocionantes para fãs e até pessoas que serão captadas de surpresa.

Gwen divide o protagonismo com Miles em diversos momentos

Não me orgulho daquele cisco que caiu durante uma conversa séria entre Rio e o “Capitão Davis” com o seu próprio filho. Nem mesmo de entrar em uma onda mista de tristeza e ódio junto a Gwen ao ver seu pai a caçando por acreditar que seja a culpada pela morte do melhor amigo da jovem. No entanto, ouso afirmar aqui que este filme é composto de emoções fortes e nenhum fã gostaria de perdê-las durante o período que estiver assistindo. Principalmente quem tem relações complexas com sua própria família.

Ah, você vai assistir Homem-Aranha: Através do Aranhaverso por causa de tudo aquilo que viu nos trailers e está mega ansioso para conhecer a cidade criada por Miguel O’Hara para suas versões distintas? Sim, isso acontece também – mas você terá de passar por uma longa carga emocional até chegar por lá, já que estes trechos rolam a partir da metade da produção.

Até mesmo o Mancha (Spot, no original) tem um charme próprio e você acaba se divertindo bastante em todas as suas aparições. Decidido a se tornar o maior vilão de Miles Morales, ele passa pelo mesmo processo que o super-herói e acaba trocando os pés pelas mãos, se atrapalhando no trajeto e aprendendo com seus próprios erros. Não entregarei detalhes sobre ele a mais, ainda assim peço que prestem muita atenção nele – sua importância não deve ser jogada de lado.

O Mancha não é descartável, muito menos desinteressante

Um outro foco

Vale notar que há uma grande diferença, qual para mim é gritante, entre o Homem-Aranha: Através do Aranhaverso e seu antecessor. E não é apenas sobre a homenagem à franquia de HQs e os dilemas familiares que Miles e Gwen enfrentam. Enquanto o primeiro foi produzido como uma experiência completa – com início, meio e fim (mesmo com cenas pós-créditos e algumas portas que permaneceram abertas, se sua aventura fosse encerrada ali não ficariam pontas soltas que estragariam o produto por completo). Não vemos o mesmo neste segundo.

Ele foi produzido pensando totalmente que eles teriam uma terceira história para finalizar tudo o que foi contado ali, com diversas pontas sendo deixadas para o “Além do Aranhaverso”. Isso estraga o filme? Não, para ser muito honesto com vocês. No entanto, é perceptível a quantidade de assuntos que se mantém abertos para que uma nova produção resolva e isto acaba incomodando bastante. Principalmente em seu final, que acaba com um grande gancho – como uma série. Porém, diferente deste formato, não veremos o que acontecerá no próximo episódio da semana que vem…mas só ano que vem.

Você pode argumentar que Game of Thrones fez isso diversas vezes em Season Finale, assim como Supernatural, The Walking Dead e vários outros. Não finalizar algo e deixar tudo aberto para que sua sequência traga as respostas – ainda que demore. Porém, em filmes a coisa é um pouco mais complicada. Nem mesmo a Marvel Studios faz este tipo de coisas, costumando fechar ao menos a trama central para que outros projetos complementem a aventura ali vista. Neste não temos um “encerramento”, apenas um corte brutal no que parece nos preparar para o verdadeiro fim – que chegará apenas em 2024.

Cuidado com os ganchos, Miles

Como eu afirmei acima, isso não estraga em nada a experiência. Só torna a situação um pouco chata, risco que tomaram e sabiam que acabaria chegando ao público. De resto? Trilha-sonora, animação, ganchos e tudo o que é visto encanta, assim como foi em seu antecessor. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é outra carta de amor ao herói, mudando apenas o seu conteúdo para mostrar como é a história desta figura através de outros personagens.

Até mesmo as referências divertem, desta vez um pouco menos diretas do que estamos acostumados, mas que criam o cenário perfeito para abordar essa história do multiverso. Há pequenas e grandes, então não estranhe se no meio de toda a trama você tomar em sua frente algo que não esperava (ou esperava muito, mas não sabia de que forma seria representada). Enfim, o coração se manteve no lugar – por mais que seus objetivos tenham sido alterados.

Se aceita um conselho, vá ao cinema e veja por conta própria. Ainda que soubesse de tudo o que assisti, não estaria pronto para os impactos que ele traz aos fãs. Esta crítica não é feita para definir o que você deve ou não fazer com o dinheiro do ingresso e seu tempo – é apenas uma forma de comunicar o que sentimos ao consumir este conteúdo e bater um papo com os interessados (vocês). E o que digo é: ele vale cada centavo e minuto que você tiver, seja um fã ou não. Então apenas curta o momento, enquanto nós temos ele em nossas mãos.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso já está disponível nos cinemas de todo o Brasil. Veja mais em Críticas de Filmes!

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