Quando a quarta temporada de Justiça Jovem começou, no último DC Fandome, eu estava extremamente feliz. Ainda que a terceira temporada fosse mais fraca em relação às demais, a sequência do que rolaria com aqueles heróis me empolgava. Porém, passando bem longe da estrutura das anteriores, esta mudou os seus arcos para focar em determinados personagens de cada vez e quebra bastante o ritmo da aventura.

Antes de mais nada, se você está assistindo ainda e não deseja spoilers, fique tranquilo. Não vamos entregar os maiores detalhes nem determinar o que estão enfrentando e quais são os grandes mistérios dessa temporada. A questão é: tudo está interligado, por mais que não pareça. E em muitos episódios parece não estarem conectados mesmo, o que estraga um pouco da experiência do público.

A cada quatro episódios vemos uma história focada em um ou mais personagens do núcleo original. Aqualad, Zatanna, Tigresa, Superboy, Miss Marte, Foguete e Asa Noturna possuem tramas que os envolvem diretamente, porém abraça bastante do universo compartilhado com os demais grupos e heróis. Ainda que estejam divididos, eles demonstram que é possível segurarem a atenção dos fãs mesmo no meio de muita confusão.

Eles se dividem, mas ainda há espaço para se unirem

O avanço lento da Justiça Jovem

Com esta divisão, Justiça Jovem avança lentamente dentro dos mistérios e do desenrolar de sua história. Logo de cara temos um grande impacto e até isso ser respondido devidamente demora. E muito. Ousei abandonar ela algumas vezes e retornei vendo vários episódios em sequência para ver se era mais fácil de engolir. Vamos ser sinceros, de todas as temporadas, essa é a mais lenta e a única que parece que nada está sendo resolvido. Por mais que esteja, diga-se de passagem.

Dividir os heróis e mostrarem os diversos núcleos que estão ao seu redor é bom e agrada bastante. Apesar de ser uma animação focada nos jovens que fizeram parte do elenco principal, também temos um vislumbre da própria Liga da Justiça, os Forasteiros e até mesmo o reino de Markovia. O grande problema é, mostrar tudo e nada ao mesmo tempo. Nenhuma destas tramas é aprofundada ou mergulha de forma convincente.

Mostram muito e não vão prosseguir com quase nada

Todos carregam grandes riscos, quais parecem que serão resolvidos em uma nova temporada, mas se isso acontecer com tudo o que vimos será outra grande bagunça. Posso citar que temos um desenvolvimento interessante para Mutano, Halo e Brion, Moça Maravilha, Atlantis, a família Shazam e diversos outros superseres, mas até o fim parece que encheram demais com histórias paralelas e nem metade delas vai se mostrar render frutos. Sabe aquela sensação que você está sendo enrolado? Pois é…

A segunda e terceira temporada de Justiça Jovem já mostrava essa vontade de expandir, de mostrar muito mais do que nossos heróis mais novos fazendo a diferença. E por mais que a história esteja boa e dê para acompanhar, mesmo com problemas de ritmo, temos de admitir uma verdade inegável: não é mais a mesma coisa. Não temos sequer uma aventura com os personagens mais jovens mantendo a liderança, tudo é muito adulto e pesado. Isto não é ruim, já que acompanha o crescimento do próprio público. Porém, se você espera por ver algo semelhante ao passado, esqueça isso de vez.

As aventuras da molecada ficarão só na memória

Mudar pode ser ruim, mas repetir é pior

O que me preocupa é a repetição de certos padrões, quais tornam a trama repetitiva em determinados pontos. Há sempre uma morte central a ser trabalhada: na segunda temporada, temos a discussão acerca da partida de Artemis. Apesar de estar viva e seguindo com o codinome Tigresa, grande parte dela mostra os heróis que não sabiam dessa informação secreta lidando com este fato. Depois, vimos Kid Flash ir embora. E dá-lhe a terceira temporada inteira falando sobre isso. A quarta tenta fazer o mesmo, só que não causa mais o mesmo impacto.

Sempre que voltam a bater nesta tecla, por mais que te mostrem o que está acontecendo na realidade, incomoda. A própria trama principal só é apresentada para você nos últimos capítulos. Até lá, as pessoas mal sabem contra o que os heróis estão de fato lutando ou se estão indo na direção exata. Miraram no mistério e acertaram no tédio. Essa é a verdade, por mais que me doa dizer isto como fã.

Existem tramas interessantes, mas não são todas

Há algumas charadas interessantes no caminho, mas não são o suficiente para te manter na hype para ver o próximo episódio, sabe? O único fator que me deixou empolgado mesmo foi ver a cena pós-créditos do último capítulo de Justiça Jovem, mas poxa, esperar por 26 episódios para isso acontecer cansa bastante. Eu confesso não ter gostado da terceira temporada, por exemplo, mas para mim ela acerta no ritmo e traz uma sequência mais justa para os fãs que estão assistindo do que esta.

Não me entendam errado, caros leitores, continuo amando este universo e com certeza verei a sequência disto. Porém, cometendo o erro de direção de dividir todos e contar histórias isoladas, eles entregam uma temporada mais fraca que as suas anteriores. Em nível roteiro, continuam geniais e pode demorar, mas te mostram tudo o que precisa no tempo certo. O que dissolve é o universo que se expandiu demais para se segurar em apenas uma animação. Se fosse dividido entre esta e uma Liga da Justiça atual ou os Forasteiros, conseguiriam lidar melhor com tudo o que carregam.

Todos os episódios de Justiça Jovem estão disponíveis na plataforma HBO Max. Veja mais em Críticas de Séries!

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