Os músicos e programadores do DADABOTS treinaram uma rede neural com John Coltrane para gerar seu próprio Jazz continuamente, sem parar.
O algoritmo foi treinado com o álbum Interstellar Space, do lendário saxofonista em parceria com o baterista Rashied Ali, no qual cada faixa é dedicada a um planeta do Sistema Solar. Não se trata de um som para ouvintes amadores de Jazz.
Em 1974, quando o álbum foi lançado, o jornalista Robert Christgau foi certeiro em seu review: os “duetos entre Coltrane no tenor e Rashied Ali na bateria soam um tanto irritante até que você se concentre neles“. É preciso focar no “ponto em que as interações assumem ritmo e forma”.
A rede neural “ouviu” o álbum 16 vezes até que aprendeu sozinha a produzir sua própria música baseada no Jazz complexo de Coltrane.
O resultado, chamado Outerhelios, não é nada agradável aos ouvidos. Ele consegue, por alguns minutos, tocar um jazz harmonioso, mas de repente segue um ritmo desconexo.
CJ Carr e Zack Zukowiski explicam que o algoritmo foi inspirado no projeto Voyager 1 e 2 conduzido por Carl Sagan, em 1977.
Os discos carregam para além do Sistema Solar um pouco da história da humanidade, na esperança de que vidas inteligentes pelos Cosmos possam os encontrar.
Dentre as imagens da Terra, línguas e sons, está uma seleção musical feita por Sagan chamada The Sounds of Earth, que inclui Chuck Berry, Beethoven, Bach, Blind Willie Johnson, Stravinsky e outros.
Os caras do DADABOTS realmente esperam que um dia a NASA envie uma Voyager 3 para o Espaço. E dessa vez escolha o algoritmo para levar um tanto da música terrestre.
Embora o Sounds of Earth use um formato estático de música previamente gravado por pessoas, o Outerhelios segue a ideia de música generativa de Brian Eno.
Através da reinvenção do álbum de John Coltrane, que é gerado 24 horas sem parar, eles têm a esperança de que vidas extraterrestres possam apreciar esse som. Que é realmente digno de alienígenas.