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The Last of Us – Episódio 3 | Crítica: Um vespeiro

Quando eu terminei o terceiro episódio de The Last of Us, fiquei extremamente triste. Não pela história de Bill e Frank, que foi uma das coisas mais belas que 2023 poderia oferecer nas telinhas e aquilo que qualquer um verá de ápice deste ano na HBO. Porém, por todos sabemos o quanto o público geek/nerd hoje – não todos, vamos ser justos – tem um preconceito enorme guardado consigo.

Eu sei que a maioria verá e enxergará apenas “mais uma lacração” ou gritará “transformaram meus ícones do videogame em gays, maldita série!”, inclusive vi alguns comentários nas redes sociais que foram disto para pior. Minha tristeza é ver que uma parte destes fãs nunca vão enxergar a grandiosidade do que foi contado e mostrado, dividindo ainda mais algo que devia ser comum aos nossos olhos. Afinal de contas, qual o problema de dois homens terem um relacionamento? Principalmente quando a trama quer mostrar outra coisa, um ponto que vai além disso.

Bom, até sei os tipos de comentários que vão aparecer por aqui (quais vão me surpreender se forem ao contrário, isso sim), mas é preciso dizer o quanto um episódio destes em uma série tão grande se torna importante. Não apenas para uma comunidade, mas para mostrar que qualquer jogo pode ter uma história por trás que toma proporções colossais no roteiro. Era para ser uma história sobre amor e sobrevivência, mas o que a HBO trouxe foi um pouco acima nessa semana.

The Last of Us trará muito mais do que você espera neste episódio

Mudanças em The Last of Us

No episódio de The Last of Us, Joel e Ellie se tornam apenas algo secundário para nos apresentar as figuras de Bill e Frank. E sim, caros leitores, eles são um casal homossexual. Sendo bem sincero, isso não chega a ser spoiler algum porque a química entre os dois atores explode já no primeiro contato e você sabe o que vai acontecer em alguns minutos de interação entre os dois. Ainda assim, esse não é o grande ponto da coisa toda.

Acompanhamos Bill desde a evacuação da cidade até as montagens de suas armadilhas, mostrando como sua genialidade permitiu que sobrevivesse dentro de um lugar abandonado por todas as autoridades. Não que suas ideias estivessem no lugar certo, mas ele tem o seu próprio mérito. A queda de Frank em um dos buracos que cavou muda toda a sua dinâmica, mostrando ao personagem que existe muito mais do que seus olhos são capazes de enxergar.

A partir disso, pudemos ver a vida deles em cada fase dentro destes 20 anos que começou o surto dos fungos no seriado. As discussões, os momentos felizes e inclusive o primeiro encontro do casal com Joel e Tess. Confesso que ri demais da interação que há entre eles e aquilo se tornou bem mais impactante ao final do período do capítulo. Cada trecho que viveram ali se torna importante, mostrando o tanto de história que há a ser contada dentro da vida de determinados personagens.

Esta interação é “ouro”, meus caros leitores

Eu realmente espero que tenha virado uma “chave” na cabeça dos fãs mais preconceituosos e que até hoje estão batendo na tecla de irem contra algo que é comum. Não significa que eu seja ou você tenha de ser, é apenas uma história de amor em The Last of Us, pessoal. E daí se é um cara com outro? Ou um homem com uma mulher? Ou duas mulheres? Nosso foco devia ser no tipo de trama que aquilo abre e o local para onde ela segue. Vou ser sincero, conto nos dedos os filmes de romance que já vi que me deixaram torcendo pelos protagonistas quanto me deparei ontem com os dois.

E os méritos são tantos que é até difícil listar todos. A direção de Neil Druckmann e Craig Mazin é algo divino, beirando à perfeição. A história, cenas, profundidade do que já existia no game, cenário e todo simples detalhe colabora para um impacto que tenho certeza que pegará todos que largarem mão de suas amarras sociais. As atuações de Nick Offerman e Murray Bartlett são excepcionais e não duvido que faturem um Emmy nesta temporada de 2023.

Os personagens têm um brilho elevado em cada cena

O ponto de ignição para os eventos que virão

Não apenas por contar quem foram estes personagens e o que fizeram, é importante salientar o ponto onde eles miram Joel e Ellie. Apesar de serem jogados de escanteio durante todo o episódio, ao seu fim temos uma determinação ainda maior e uma caracterização extremamente esperada pelos fãs da franquia. É empolgante ver certas coisas tomando forma e isso é o que o público recebe ao fim desta obra-prima trazida pela HBO.

Agora The Last of Us realmente “começa”, mostrando todos os desdobramentos que vimos nos jogos. Tudo, até o momento, me soou como um grande prólogo – ainda que seja de uma qualidade excelente e profundidade invejável. No entanto, tenho certeza que não vão largar a mão deste fator e devemos ver uma produção que continuará se destacando a cada semana pelo conteúdo chocante e, ao mesmo tempo, delicado.

A viagem de Joel tomará outro rumo a partir de agora

Eu levei o capítulo 3 como um grande desafio ao público, algo que qualquer showrunner comum evitaria a todo custo. Elevando a obra, mostrando que histórias do tipo podem ser comuns e que é algo com que os fãs deviam estar acostumados, eles mostram que um bom enredo supera tudo. E mesmo que haja comentários negativos, como eu mesmo já vi e tenho certeza de que se replicarão ao longo do dia, é impossível negar que a qualidade do material não tenha atingido o seu ponto mais alto nele.

E quanto à minha tristeza? Bom, infelizmente muitos não apreciarão a obra e até vão clamar desistir dela depois disso, o que é um grande pecado. Afinal de contas, se um breve romance entre dois personagens não são algo que deseja assistir, para que começou a ver a série? Não que eu esteja aqui para oferecer spoilers, mas o segundo título te colocaria em uma posição ainda mais exposta. Lembrem-se: o foco não é a homossexualidade ou a “agenda LBTQIA+” como gostam de reclamar. É uma história de amor. E elas terão espaço na TV, ajudando a mostrar como tudo pode crescer ainda mais dentro de uma adaptação.

The Last of Us está sendo exibido na plataforma HBO Max todos os domingos, a partir das 23h. Veja mais em Críticas de Séries!

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