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The Last of Us – Episódio 9 | Crítica: Escolhas

O nono e último episódio de The Last of Us traz o tão esperado desfecho deste primeiro arco de Joel e Ellie, mostrando até onde o relacionamento dos dois personagens pode levá-los e o que provocaram dentro da vida do outro. Ainda assim, mesmo que tenha um roteiro excelente e traga o choque das decisões tomadas pelo personagem interpretado por Pedro Pascal, riscou bem longe do impacto que tivemos desde o início do seriado.

Sendo bem sincero, ainda que tenha sido uma série excelente em diversos aspectos, o fim pareceu direto demais até para os padrões estabelecidos dentro desta indústria. Afinal de contas, eles tinham todo o tempo do mundo para trazer essa jornada ao fim e fazer algo ainda melhor de acordo com o que trouxeram anteriormente. Entendo a escolha de adaptar fielmente o que tivemos no videogame, ainda assim me soou bem frio em relação ao que vimos.

Talvez em produções comuns eu até achasse esse fim bacana e me emocionasse. No entanto, caros leitores, a expectativa é uma porcaria. Quando você eleva o padrão a cada capítulo e traz uma excelência em todos os fatores da produção, algo vai se montando para te causar um grande “boom” no final. No entanto, não vi este cuidado pela equipe da HBO e nem mesmo pelos atores, me soando como se fosse mais algo feito para transição do que aquilo que acompanhamos até aqui.

O fim do caminho de Joel poderia ser mais impactante

Fiel a The Last of Us, mas a que custo?

Pois é, não gostei tanto assim do fim de The Last of Us. Isso não significa necessariamente que ele é ruim e estraga toda a experiência. Apenas acredito que nestes 43 minutos de duração que ele teve não tiveram os mesmos cuidados que vimos nos demais oito capítulos. O que quero dizer é que as coisas soaram um pouco mais frias do que eu tinha constatado no passado.

Eu não sei as condições de gravação ou o que tinha sido dito, mas me pareceu que tentaram recriar o mesmo fim que vimos nos videogames com 100% de fidelidade que ninguém pensou muito naquilo que estava desenvolvendo ali. Mesmo dentro do “massacre”, as coisas pareciam robóticas demais e sem o mesmo teor. É como uma nota saindo do tom no meio de uma orquestra, incomoda a primeiro momento e você busca o que deu problema, mas não estraga a experiência no geral. É assim que me senti.

Acreditei que seria aqui que veria Pedro Pascal atuar horrores e me deparei com alguém que parecia apenas que estava replicando o texto de forma direta e sem pensar muito a respeito disso. Merle Dandridge como Marlene também achei morno, sem dar muito impacto naquilo que trouxe no papel da líder dos Vagalumes.

Ainda assim, a série não é estragada pela mudança abrupta de tom

Este brilho em The Last of Us foi carregado por Bella Ramsay, que ainda segue sendo uma das melhores adições que a produção poderia ter feito para a série. Ainda que não tenha foco nela, a interação distante pelos eventos do episódio 8, a impulsividade infantil ao ver as maravilhas que o mundo ainda carrega e o grandioso ato final mostram que ela pegou a oportunidade e a agarrou com todas as suas forças.

Além dela, também tivemos a atuação nota 10 de Ashley Johnson. No jogo original, ela interpreta o papel de Ellie e no seriado viveu a sua mãe. Mostrando que teve de onde a personagem puxar ser “durona”, em pouco tempo de tela ela se tornou marcante de sua própria forma e enriqueceu ainda mais o background da heroína. Eu mesmo me surpreendi com a cena inicial sendo focada completamente nela e destoou demais do que veio em seguida.

Ashley Johnson surge como a mãe de Ellie na série

Continuação a caminho

Você pode vir nos comentários e dizer que estes eventos que vimos no último episódio são necessários e tinham de ser desta forma e eu acreditaria nisso. No entanto, acredito que poderiam ter tomado um pouco mais de tempo em alguns fatores para não parecer tão fora de sincronia com todo o restante do material. 43 minutos que tivemos, podiam ter deixado mais 15 ali facilmente para mostrar um pouco mais de Ellie lidando com o choque que teve no capítulo anterior, por exemplo.

Ou até mesmo termos visto Joel se recordar de como estava no início de The Last of Us e o que estava disposto a fazer para salvar sua nova “filha”. Eu compreendo perfeitamente a sua motivação, mas simplesmente não comprei a forma como isso foi mostrado. Sabe o que quero dizer? Em um momento temos ele como um personagem mais carinhoso e carismático, aí você pisca e ele está assassinando qualquer coisa que ouse se mover em sua frente. Sei as razões disso, mas para mim soou abrupto demais para o que propuseram desde o início.

Aguardando a data de lançamento da Temporada 2 já…

Isso compromete o que eu acho da série completa e me fez desgostar de tudo que passaram até aqui? Lógico que não, sendo bem sincero com vocês eu ainda acredito fielmente que esta continuará sendo a melhor produção que vimos nas telinhas em 2023. Dificilmente teremos algo do mesmo nível e com a mesma carga emocional. Ainda que eu ache ele o episódio mais fraco, isso perto da excelência vista nos demais também é algo elogiável.

Temos de combinar outro fator: é melhor encerrar diretamente e sem correr muitos riscos do que enrolar com algo que poderia ser um verdadeiro tiro no pé também. Talvez tenha sido uma questão de escolhas: levar menos impacto e manter a fidelidade do que inventar moda e acabar estragando o que tinham em mãos. Assim como Joel, Craig Mazin e Neil Druckmann arriscaram e preferiram finalizar deste modo. Agora só nos resta aguardar pelas próximas duas temporadas…

Todos os episódios da primeira temporada de The Last of Us estão disponíveis na plataforma HBO Max. Veja mais em Críticas de Séries!

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