Queria usar a crítica de The Mandalorian para externar a minha tristeza ao perceber que tive de chegar na terceira temporada do seriado para finalmente compreender o propósito desta série dentro do universo Star Wars. Vamos ser sinceros, os dois primeiros arcos não foram nada diretos e apesar de uma indicação aqui e outra ali, na verdade tudo se mantinha como uma boa história isolada.
No entanto, acredito que isso está finalmente mudando e não é da pior forma. Seguindo o contrário do que temos nos demais universos compartilhados, Jon Favreau e Dave Filoni estão trabalhando com afinco para manter um padrão que agrade os fãs e não desmereça de forma alguma o que estão mostrando agora. O seriado não é uma ponte. É uma produção essencial dentro desta franquia, tal qual a trilogia prequel – por exemplo.
No episódio 4, vemos Din Djarinn, Grogu e Bo-Katan finalmente se misturando com os demais dentro da doutrina e um caminho se abrindo de vez: está na hora do pequeno Baby Yoda aprender “o caminho” e se tornar um Enjeitado. Porém, como nada na vida da criança vem fácil, ele começa a trilhar com certo temor enquanto seu maior “herói” sai para uma missão perigosa de resgate.
Finalmente The Mandalorian
Já vimos Din Djarinn interagindo e até combatendo ameaças com outros de sua classe, mas esta é a primeira vez em The Mandalorian que vemos um convívio deles e como é o seu cotidiano após a queda de seu planeta natal. A partir disso, podemos aprender ainda mais como é a doutrina que eles seguem e como isso molda estes personagens. Afinal de contas, um aprofundamento sempre é bom e necessário para seguir em frente com a trama.
No entanto, não é só por este fator que o episódio se mostra excelente – ao menos em minha concepção. Nós podemos ver, finalmente, o passado de Grogu e o que aconteceu ao jovem durante os eventos da Ordem 66. Depois de ver uma Coruscant mais calma, no capítulo anterior, chegou a vez de ver combates aéreos, Jedi e tudo o que o fã podia pedir. Sua fuga dali não foi nada simples e levanta outras dúvidas relacionadas ao momento que assistimos até o início da primeira temporada, quando ele é encontrado pelo protagonista.
Além disso, não posso esquecer de elogiar a Disney, que finalmente está percebendo que combates e CGI no escuro não ajudam em nada as suas produções. Vamos ser sinceros, a maioria de seus filmes e séries (nos cinemas e na plataforma de streaming) têm abusado de cenas de ação noturnas. Nadando contra a maré, temos uma sequência inteira diurna com abuso de computação gráfica, movimentos complexos e cortes inteligentes durante o capítulo.
Podem me chamar de empolgado e até emocionado aqui, mas temos de admitir que The Mandalorian nunca foi tão bom quanto está nesta terceira temporada. O enredo era bom, mas em minha concepção as duas primeiras focam nos lugares errados para contar sua história. Os efeitos visuais também estão no lugar, como sempre foi nesta série. O crescimento dos personagens está mais claro e direto, sem todas as firulas que encaramos de enrolações a cada pequeno passo. Não acho que tenho do que reclamar neste sentido.
Houve Coruscant no episódio passado? Sim, o que trouxe uma proposta esquisita para dentro daquilo que estávamos acompanhando. Eu gostei do que vi, apesar de ainda não entender como este trecho se encaixará com o restante da obra. Se Moff Gideon fugiu de algum modo, pode significar algo neste contexto, mas que ainda não ficou visível ao público. No entanto, na questão que engloba os eventos dos personagens centrais, estou tão empolgado quanto no momento que iniciei este seriado.
O futuro reserva grandes momentos
Considerando que além de The Mandalorian, teremos Ahsoka, Skeleton Crew e The Acolyte, não sei exatamente onde isso tudo vai parar. No entanto, o caminho dos heróis que estamos vendo atualmente parece bem claro e tudo indica que o vislumbre do futuro está se abrindo para eles. Ou só eu consegui enxergar o crescimento prolongado de Grogu que pode ser mostrado muito bem em alguma produção pós-A Ascensão Skywalker? Se a série rola décadas antes destes eventos…não seria nada estranho e nem uma teoria infundada (apesar de continuar sendo uma teoria).
Já no que temos em mãos atualmente, o episódio 4 não deixa nada a desejar por aquilo que os fãs desejam assistir. Inclusive ver Bo-Katan se endireitando às regras e doutrina de seu povo é algo bem curioso e mostra como a visão da personagem mudou depois do que viu nas Águas Vivas. Se continuará assim ou não eu nem faço ideia, porém a animação é real e mal posso esperar pelo conteúdo que teremos na próxima semana.
E vamos ser honestos aqui, o seriado é uma das principais frentes atuais da franquia junto ao que vimos em Andor. Star Wars anda em baixa, isso é um fato. O Livro de Boba Fett teve suas falhas mais do que claras, assim como Obi-Wan Kenobi. A maldição de Tatooine, talvez, mas não engataram o público como estas. Juntos com os jogos “Star Wars Jedi”, acredito que isso tem muito mais a dizer sobre os próximos passos da linha do que uma nova trilogia jamais conseguiria.
Enfim, com as portas abertas para o futuro e movendo suas peças de forma constante e coesa, acredito que, afinal das contas, esse é o caminho. Seja através das mãos de Din Djarinn ou até mesmo de Grogu, o que estão construindo ali é uma obra gigantesca e que continuará sendo aclamada daqui em diante. Chegando na metade da terceira temporada, tudo o que moverá até o grande fim já fez valer a pena pelo caminho tomado. É só não estragarem tudo com péssimas decisões e manterem o ritmo.
The Mandalorian está sendo exibido todas as quartas-feiras a partir das 5h na Disney+. Veja mais em Críticas de Séries!