Duas Bruxas: A Herança Diabólica é um filme independente que chegou recentemente aos cinemas, com uma proposta fora do comum. É normal que as sessões exibam filmes de alto orçamento e até mesmo comerciais, com a intenção de atingir altos índices de bilheteria, mas esse não é o caso com o longa de estreia do diretor Pierre Tsigaridis.
O filme é dividido em dois capítulos e um epílogo, com enredo que começa acompanhando um casal de jovens adultos que está à espera de seu primeiro filho. A história se desenrola a partir de um jantar romântico em um restaurante, quando a mulher percebe que está sendo observada por uma senhora com semblante suspeito.
A partir daí, tudo começa a desandar e as histórias dos personagens que aparecem nos atos seguintes são amarradas por laços sombrios, sequências de violência e imagens perturbadoras. Sim, prepare-se para muitas delas.
Não espere conforto ao assistir Duas Bruxas
Quem pagar para assistir ao longa esperando por sequências que equilibram jump scares e momentos de tensão em um roteiro pensado para entreter e agradar a todos, pode se arrepender. Duas Bruxas apela para cenas impactantes e bizarras, com boas doses de gore e heresia.
Os fãs de terror bem sabem que filmes do gênero podem ser divididos em camadas, cada qual com diferentes estéticas e propostas. Para fazer uma comparação, quem gostou de Invocação do Mal pode não gostar de Fome Animal, ou vice-versa. Enquanto muitos fãs do gênero podem reconhecer Evil Dead como uma obra prima, outros podem achar tosco.
Vai depender aqui de qual camada do terror você está, quanto mais você desce, mais segmentado fica. Duas Bruxas é um filme que quebra as barreiras convencionais e podemos dizer que se aproxima de uma produção experimental.
Apesar de não ser inovador, o que chama a atenção é seu conteúdo estar sendo passado nas telas dos cinemas.
Imagine sequências sombrias em que uma bruxa em decomposição come a cabeça de um feto que cabe na palma da sua mão? Alguns podem achar isso maravilhosamente transgressor para um filme de terror, enquanto outros podem se sentir ofendidos.
Entendeu agora o conceito das camadas?
Easter Eggs macabros
Outro ponto interessante é que Duas Bruxas presta homenagens aos clássicos do terror. O primeiro ato está carregado de referências do homônimo “Bebê de Rosemary”, enquanto o segundo ato evoca a atmosfera e tom de “Suspiria”, de Dario Argento.
O destaque aqui, para o segundo ato inclusive, fica para a atuação brilhantemente perturbada da atriz Rebekah Kennedy.
Além disso, dá para notar referências de filmes do Rob Zombie, que transmitem a temática de bruxas dos anos 60 e 70. Como uma brincadeira macabra, com composições visuais realmente assustadoras e de revirar o estômago – recursos usados em excesso, por isso muitas vezes o tom do filme acaba ficando muito exagerado.
Não se trata de uma execução elegante, pois as histórias se sobrepõem uma na outra e há bastante uso de cortes e edições abruptas na transição das cenas. Coisas que podem incomodar os espectadores que estão na expectativa de algo mais refinado.
No geral, Duas Bruxas é um filme indie envolvente e rompe as barreiras convencionais que fazem um filme ser rodado nas telas de cinema. Só por esse motivo, eu já diria para você dar uma chance à experiência de assistir a uma peça que causa bastante desconforto e vai fazer você sair da sessão pensando “que *** eu acabei de ver??”.
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Nota:
Este filme é ruim demais!