Após três temporadas excelentes, eu estava empolgadíssimo com o retorno de O Príncipe Dragão. O anúncio da quarta temporada foi há muito tempo, demoraram demais para trazer o material e quando finalmente chegou, fui faminto para assistir o que trouxeram à Netflix. No entanto, a hype não fez jus ao conteúdo que eu vi na produção.
Sendo sincero com vocês, senti uma larga queda do que foi apresentado nos anos anteriores. Não apenas por termos vindo diretamente de uma guerra, ápice do arco contado nos demais episódios. Porém, por não ampliar muito as questões que já foram mostradas. Me senti assistindo um grande prólogo, qual não me indicou muito para onde toda a enrolação vai além do conflito com Aaravos.
Vamos bater o martelo, isso já está sendo construído desde o primeiro ano. Agora ele se tornar o objetivo central é importante, mas a forma como os episódios seguiram me fez sentir um pouco de tristeza em não ver uma grande parcela do que fez a animação ser um sucesso que saiu das mesmas mãos que criaram Avatar – A Lenda de Aang.
Muita enrolação em O Príncipe Dragão
Começando pelos heróis de O Príncipe Dragão, tirando Ezra e o “não mais tão pequeno” Zym, o restante não demonstra nem 1/10 do potencial que carregavam no passado. Callum, Rayla e até mesmo a presença de Soren se tornam risíveis por ali. Se eles tiveram serventia em fazer o roteiro seguir em frente, foi a menor possível.
Isso pode levar a crer que o grande problema, de fato, é o enredo do desenho. Há um esforço, mas ele nunca chega lá, sabe? Cláudia ressuscita o próprio pai e seguem em direção ao perigoso Aaravos, o que é um grande plot. O namorado dela, no entanto, faz quase todas as cenas se tornarem bem-humoradas, tirando parte do impacto dos vilões em seu trajeto.
Callum e Rayla estão em um chove não-molha por quatro temporadas, com elementos que podiam ser resolvidos com apenas um diálogo aberto entre ambos que nunca chega. Era bonitinho e fofo na primeiro e no segundo ano, na terceira se inclinou para engatar e na quarta decai novamente. Se não é para ter um romance, seria melhor nem criarem o clima e partirem logo para a ação.
Para ninguém dizer que estou apenas reclamando e falando mal, eu achei impressionante o arco dos elfos de fogo e o foco em sua cultura. Finalmente ganhando os holofotes, pudemos compreender melhor suas crenças e costumes através da quarta temporada de O Príncipe Dragão. Acredito que isso terá um grande destaque no futuro, o que seria bem digno ao que foi visto por aqui.
No entanto, com oito episódios, tudo aparenta ser apenas uma grande apresentação de elementos que já conhecemos bem até demais. Nem mesmo a empreitada dentro da caverna do poderoso dragão da terra chama muito a atenção. Podiam pular diversos diálogos, cenas e até mesmo pequenos arcos para jogarem o público diretamente onde é necessário: na busca por Aaravos para que impeçam os avanços dos vilões.
Oportunidades perdidas
Nem mesmo as motivações deles se tornam tão claras depois de tudo o que aconteceu. Ezra ainda é o rei e segue com a proposta de unificar os povos em paz. Nobre, para dizer o mínimo. Soren, como seu guarda, tem de estar ao lado. Callum assume o lugar de Viren, mas não demonstra nem parte da habilidade que um mago supremo devia carregar. Rayla vai e volta com frequência, mostrando que nem ao menos os roteiristas sabem bem o que fazer com ela.
Porém, o ápice para mim é o mal-aproveitamento de Soren. Agora no time dos mocinhos, dava para ter investido bastante em um diálogo impactante entre ele e Viren. O grande problema é que, na cena onde há o encontro de ambos, vemos apenas o grito do personagem desacreditado e é pulado na sequência dos eventos. Isso depois de vários minutos mostrando ele conversando com Cláudia sobre temas nada relevantes para a trama no geral.
Eu acredito que toda franquia grande tem um ponto baixo. Vingadores Ultimato gerou a Fase 4 do MCU, altamente criticada pelo público no geral pela baixa qualidade. Os Piratas do Caribe, depois de “No Fim do Mundo”, também caiu bastante e não conseguiu se reerguer. Julgo ser natural. Ainda assim, valia dar uma nova abordagem do que manter o padrão “mais do mesmo” e tornar o clima um tanto repetitivo do que já vimos nas temporadas anteriores.
Torço bastante para o próximo arco de O Príncipe Dragão entregue aquilo que realmente está prometendo. Só que, por enquanto, essa temporada foi um dos pontos mais complicados de toda a história. Com personagens perdidos, trama confusa e um objetivo postergado, ouso dizer que corremos o perigo de terem perdido a mão do que está ali. Espero estar muito enganado, porém só descobriremos na quinta temporada.
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