O último episódio de Obi-Wan Kenobi finalmente chegou ao Disney+, trazendo um desfecho para a história daquele que foi um dos maiores Jedi de uma geração. Com um início explosivo e um miolo questionável, muitos podem se questionar se vale a pena atravessar essa jornada com ele e se a série no geral satisfaz em seu grand finale. A resposta é um sonoro “sim”, mas com grandes ressalvas a tudo que vemos.
Fugindo pelo espaço da ameaça do Império, o mestre decide confrontar seu aprendiz de forma direta. Porém, não pense que ele faz isso apenas para salvar a fagulha que começará uma verdadeira rebelião pela galáxia. Há assuntos inacabados, tanto com Darth Vader quanto com Anakin Skywalker, quais precisam ser resolvidos antes que tudo siga o caminho que já conhecemos anteriormente.
O resultado disso, em minha concepção, foi a melhor batalha entre sabres de luz que eu já vi em toda a saga Star Wars. Nosso protagonista e o maior vilão do universo geek se confrontam não apenas com tudo o que carregam nas mãos, mas também com os sentimentos que levaram ambos até ali. E eu digo que este combate é belo não só pelo visual, mas também por toda a simbologia que o envolve.
As descobertas de Obi-Wan Kenobi
Obi-Wan precisa descobrir o que de seu aprendiz sobrou e onde começa o lorde Sith, para assim poder dar um desfecho para si. Ele sabe que está preso demais na culpa e no pesar do que rolou em Mustafar, que é uma das coisas que confronta ali também. E isso se resolve em um impacto das principais armas de ambos, deixando tudo às mostras e sendo um verdadeiro espetáculo para fã algum botar defeito.
Este é, sem dúvidas, o ponto alto de todo o seriado e a produção o trata como tal. Se você vibrou ao ver Darth Vader jogar nosso herói no meio do fogo e no combate entre ambos no começo da temporada, este te fará ir à loucura. Eu mesmo seguro a minha hype ao máximo enquanto escrevo, pois dificilmente este confronto não constará entre os principais top 5 da franquia Star Wars. Falo com tranquilidade isso.
Além disso, vemos Reva indo atrás do jovem Luke Skywalker e sua família no meio das areias de Tatooine. Não ofereço spoilers do que rolará ali, por mais que saibamos que a criança sobrevive e consegue se desenvolver até se transformar na esperança de todo o universo. Porém, apesar de trazer um ponto final interessante para estes personagens, não surpreenderá muita gente e consegue fechar a porta sem o mesmo alarde do que vimos no início do episódio.
Falando em “alarde”, creio que a própria ideia de Obi-Wan Kenobi foi tratada como tal por muito tempo. Eu admito que amei os dois primeiros episódios e o seu fim, estes dois pedaços me tocaram de formas que os fãs saberão. O que se mostrou o verdadeiro problema da série, para mim, foi o seu miolo. Do terceiro ao quinto capítulo foi uma sucessão de situações que, vamos ser sinceros, podiam ser puladas quase que por completo que não alterariam nada daquilo que conhecemos.
Esperança de ver Cal Kestis e os demais personagens que poderiam expandir isso foram deixadas de lado. Não há espaço para outras tramas por ali, sequer uma brecha para vermos a Aliança Rebelde tomando forma. Faço das palavras de Bail Organa as minhas, quando se despede do protagonista é oferecida uma porta para continuarem se comunicando. Então, o líder político solta “espero que isso nunca aconteça novamente”. É assim que me sinto, deixem este passado para lá e vamos continuar vendo as coisas de onde paramos.
Deem adeus ao passado
“Nossa Diego, então foi uma má ideia a Disney+ produzir esta série?”, não caros leitores, não foi. Ainda que ache o meio dela complicado e sem nenhum charme, eu gostei o suficiente do início e fim. Me atingiram como um apaixonado pela história e me fará pendurar novamente na parede um quadro que tenho do Darth Vader. Porém, ela não muda muito do que conhecemos previamente e está ali pelo fim de adicionar camadas. Se é o que busca, pode mergulhar sem medo.
Agora, se a sua expectativa de seguir Obi-Wan Kenobi é ver alguma novidade ou uma mudança brusca naquilo que já está estabelecido, esquece. Perdão pelo pequeno spoiler, mas eu sinceramente esperava que ao menos Anakin soubesse da existência dos seus dois filhos ali e seguisse com o conhecimento sobre Leia e Luke. Seria algo que me faria repensar tudo o que vi nos originais, sem mudar uma pedra das coisas que rolaram. Só que não foi assim, ele se mantém na total ignorância de seu próprio ódio e vida que segue.
Além disso, a produção nos deixa algumas perguntas ao redor desta saga completa. Leia e “Ben” não demonstram ter o mínimo de relação nos filmes antigos por qual razão? Cal Kestis, em sua busca de Star Wars Jedi, não foi atrás do jovem Luke? Para onde Reva, a Terceira Irmã, poderia seguir? Onde foram parar os Jedi sobreviventes que nosso herói descobre em seu caminho? São coisas que caberiam respostas ali e tenho certeza que serão deixadas de lado.
Totalmente desconexo do universo qual Jon Favreau e Dave Filone estabeleceram em O Mandaloriano, é bem difícil que voltem a este período da história novamente. Com O Livro de Boba Fett, Ahsoka e outros conteúdos em produção, acredito que só vão trazer um pouco de Rogue One com Andor e deixarão o resto para lá. Mexer nisto não faz mais sentido, se formos sinceros. Foi bacana, mas não há uma razão no fundo de remexer o passado.
Com uma experiência mista, nos despedimos do mestre Jedi e talvez o que tenha sido o último aceno da saga prequel que teremos. O futuro reserva outras pontas soltas, lideradas pelo famoso Baby Yoda. Uma trama está se formando entre o buraco dos Episódios VI e VII e este período sombrio pode abalar novamente as estruturas dali. Também há novos filmes chegando, incluindo um de Taika Waititi, quais darão novos ares ao que conhecemos. Só nos resta olhar para frente a partir de agora e está tudo bem com isso.
Todos os episódios de Obi-Wan Kenobi estão disponíveis através da Disney+. Veja mais em Críticas de Séries!