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Qualcomm compra a Arduino e lança o poderoso Arduino UNO Q: o ‘Raspberry Pi’ da marca

A Qualcomm deu mais um passo ousado no mercado de tecnologia ao anunciar a compra da Arduino, uma das marcas mais queridas pelos desenvolvedores e entusiastas do mundo maker. O valor da transação não foi revelado, mas o impacto já é claro: nasce o Arduino UNO Q, uma versão completamente renovada da placa clássica, agora equipada com um chip Qualcomm Dragonwing e capaz de rodar Linux de forma independente. O velho UNO, símbolo de simplicidade e acessibilidade, acaba de evoluir para um mini PC completo, entrando de vez no território do Raspberry Pi.

Durante o anúncio, Nakul Duggal, gerente geral da Qualcomm para IoT e automotivo, explicou que a aquisição faz parte de um plano maior para dominar o processamento “na borda”, aquele que acontece direto no dispositivo, sem depender tanto da nuvem. Segundo ele, a empresa vem formando um ecossistema robusto com aquisições estratégicas — entre elas, a Edge Impulse, focada em machine learning, e a Foundries.io, voltada a sistemas embarcados. Com a chegada da Arduino, essa rede se completa, dando à Qualcomm um canal direto com a comunidade de desenvolvedores.

Apesar da mudança de dono, a Arduino continuará funcionando de forma independente, garantindo suporte a todos os produtos e parcerias existentes — inclusive aos modelos com chips de outros fabricantes, como a recente Arduino UNO R4, feita com a Renesas. “Nada muda no modelo de operação da Arduino”, garantiu Duggal.

O destaque, claro, é o novo Arduino UNO Q. Ele mantém o formato clássico da placa original, mas com um hardware que joga em outra liga. No coração, o Qualcomm Dragonwing QRB2210 traz quatro núcleos Arm Cortex-A53 de 64 bits rodando a até 2 GHz, GPU Adreno com aceleração 3D e suporte a câmeras de até 25 megapixels. A versão inicial vem com 2 GB de RAM e 16 GB de armazenamento, e outra, mais parruda, com 4 GB/32 GB, chega ainda este ano. As duas contam com Wi-Fi 5 e Bluetooth 5.1.

Mas o segredo está na arquitetura híbrida. A placa traz também um coprocessador STMicro STM32U585, com um núcleo Arm Cortex-M33 de 160 MHz, responsável pelas tarefas em tempo real. Essa combinação de cérebros, um rodando Linux Debian, outro com o Zephyr RTOS, é o que a própria equipe da Arduino apelidou de “dual brain”. E, sim, o nome faz jus: é o Arduino mais poderoso já feito.

Para acompanhar o salto de hardware, a empresa lançou o Arduino App Lab, uma nova plataforma que substitui o IDE tradicional. A proposta é unir o mundo do C e C++ clássico da Arduino com o Python, IA e até integração com GPU. O App Lab pode ser usado tanto conectado ao computador quanto em modo completamente autônomo, basta plugar teclado, mouse e monitor via USB-C.

Outro diferencial é a integração com a Edge Impulse, que permite usar e treinar modelos de IA diretamente na placa. O sistema já vem com exemplos prontos de visão computacional, reconhecimento de áudio e automação, acelerando o desenvolvimento de projetos de robótica e dispositivos inteligentes.

E, para alegria dos puristas, o espírito open source da Arduino permanece intacto. Tanto o software quanto o hardware do UNO Q serão liberados sob licenças abertas, permitindo que outros criem variações e versões comerciais. A Qualcomm ganha com isso, afinal, seus chips estarão no centro de qualquer derivado que surgir.

O Arduino UNO Q já pode ser encomendado na Arduino Store por US$ 44 (versão 2 GB/16 GB), com entregas a partir de 25 de outubro. A versão 4 GB/32 GB, de US$ 59, chega em novembro.

E, olha, se a promessa se confirmar, este pode ser o maior salto da história da Arduino. O UNO Q mistura o charme da velha placa azul com a força de um computador completo, pronto para quem quer ir além dos sensores e LEDs piscando e mergulhar no mundo da IA, da visão computacional e da robótica. É o tipo de upgrade que pode redefinir o que significa “brincar” com um Arduino, e colocar a Qualcomm, discretamente, dentro de todos os laboratórios e bancadas de makers do planeta.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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