Sharon Osbourne quebrou o silêncio sobre a morte de Ozzy Osbourne e, ainda visivelmente abalada, relembrou os instantes finais que viveu ao lado do marido, que morreu em julho aos 76 anos. Em uma entrevista concedida ao programa Piers Morgan Uncensored, ela descreveu um momento íntimo e delicado que marcou suas últimas horas com o ícone do rock.
Segundo Sharon, a noite anterior à morte do vocalista do Black Sabbath foi turbulenta. Ozzy acordou diversas vezes, e em uma dessas ocasiões a chamou. Ela contou que respondeu de maneira bem-humorada, dizendo que já estava acordada, quando ouviu dele um pedido simples e carregado de significado: “Me beija”. Na sequência, ele pediu um abraço apertado. Essa acabou sendo a última troca verbal entre o casal que passou mais de quatro décadas juntos.
Na manhã seguinte, Ozzy desceu para se exercitar, como fazia regularmente, mas sofreu um mal súbito e não voltou a falar. A morte foi confirmada em 22 de julho, e desde então Sharon diz conviver com a sensação de que poderia ter demonstrado ainda mais carinho naquele derradeiro instante.
A trajetória da família Osbourne ficou marcada no início dos anos 2000 pela série The Osbournes, que transformou o clã em um fenômeno da cultura pop. Mas, nos últimos anos, Ozzy viveu uma rotina mais reclusa enquanto enfrentava problemas de saúde, incluindo Parkinson.
Sharon revelou ainda que, dias antes de morrer, o marido comentava constantemente sobre sonhos vívidos, em que via rostos desconhecidos observando-o em silêncio. Para ela, esses relatos eram sinais de que o músico estava em paz com a ideia da partida. Ela afirma que Ozzy parecia entender exatamente o que estava por vir. “Ele sabia. Ele estava pronto”, resumiu.
Mesmo debilitado, Ozzy insistiu em subir ao palco para um último show com o Black Sabbath, o “Back to the Beginning”, realizado em 5 de julho. Sharon destacou que a apresentação aconteceu contra recomendação médica, mas que algo o impulsionava a concluir esse capítulo. Depois do concerto, ele estava radiante, como se tivesse se despedido do público que acompanhou toda sua jornada.
Desde a morte do marido, Sharon tem falado com franqueza sobre o luto. Em um episódio recente de podcast, admitiu que tem dificuldade para dormir sozinha e que a casa parece estranhamente silenciosa sem ele. No aniversário que Ozzy completaria 77 anos, ela publicou uma homenagem dizendo que não largaria sua mão “até reencontrá-lo do outro lado”.
O próprio Ozzy refletiu sobre a finitude em seu livro póstumo Last Rites, lançado em outubro. No texto, ele comenta que a família evitava falar sobre sua possível morte, exceto por um acordo que fez com Sharon: queria que fossem enterrados juntos. O músico também registrou seu maior medo, que Sharon morresse primeiro confessando que, se isso acontecesse, ele não demoraria a segui-la. “Eu vivo por essa mulher”, escreveu.
O relato de Sharon reacende o afeto do público por uma das histórias mais únicas do rock e mostra que, além de lenda, Ozzy Osbourne foi até o fim um homem profundamente ligado à família e ao amor que construiu ao longo da vida.
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