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Vecna, Thanos, Coringa e os atuais vilões de Hollywood

Thanos, Vecna e Gorr têm algo em comum? Se estão cansados de ver nossos heróis, Hollywood entrou na temporada dos vilões e apresenta versões cada vez mais sinistras e humanizadas dos malfeitores favoritos do cinema. Conforme as histórias avançam e a tecnologia também, muitos estúdios começaram a ouvir os fãs e notaram que há um incrível déficit de oponentes dignos para montarem boas histórias aos seus protagonistas.

O resultado disso é um foco muito maior no papel de antagonistas, quais inclusive ganham produções próprias para chamarem de suas atualmente. O fenômeno não serve apenas para ficarmos com pena ou gerar certa simpatia do público com estas figuras. O objetivo central é aprofundar ainda mais o universo onde estão inseridos e criarem uma janela que nos permita sentir o que realmente está em jogo quando eles e os protetores do bem se enfrentam.

E, por mais que tenhamos obras como O Esquadrão Suicida, Venom e até mesmo o Coringa, isso se expandiu bem mais e não se limita apenas ao meio geek. Alguém lembra de Malévola por aí? Meu Malvado Favorito? Pois é, chegou a hora dos vilões dominarem todos os tipos de telas e conquistar você para o lado sombrio da força. Figuradamente falando, claro, já que uma série ou filme focado apenas no Darth Vader ainda não está em produção. Pelo menos por enquanto…

Nas animações, Gru representa o vilão mais próximo ao público

Vecna é apenas o novato desse universo vilanesco

Com a ascensão destes personagens tão sinistros, como podemos analisar sua presença hoje na mídia? Basta olharmos para Vecna, o atual vilão de Stranger Things. O ápice do que há de maldade de um live-action em andamento, vimos ele partir de uma criança deslocada até um ser absurdamente poderoso do Mundo Invertido e pronto para tomar controle de todo o mundo. Não, meus caros, isso não gera uma identificação com o público, mas nos faz compreender o peso dos seus atos em tela.

Podemos falar o mesmo de Thanos, um dos maiores vilões da Marvel Studios nos últimos 15 anos. Após uma aparição aqui e ali, ele foi basicamente o protagonista de Vingadores: Guerra Infinita e todas as maldades que executou tinham uma razão e cobravam um preço não apenas dele, mas de todos que estavam ao seu redor. Isso sem citarmos o Loki, que inicia essa jornada como um irmão invejoso e termina com um agente do tempo em sua série própria da Disney+.

Em Thor: Amor e Trovão conhecemos Gorr, o Carniceiro dos Deuses. Cercado de tragédias em sua história e culpando as divindades deste universo, ele começa a assassinar todos que encontra em seu caminho até se deparar com Odinson e Jane Foster pela frente. Mesmo que conheçamos suas dores e história, esse mergulho está ali para criar uma ponte entre ele e os protagonistas. Não apenas para um diálogo e uma luta, mas para também termos a consciência de que atos imprudentes sempre geram problemas inusitados.

Aí é…complicado

Não vivemos mais na época onde oponentes básicos e sem sal conquistam seu lugar na mídia. Enquanto Vecna é o queridinho dos olhos da Netflix, por exemplo, não temos espaço atualmente para personagens como o Apocalipse de Batman vs. Superman ou até mesmo das figuras vistas na primeira versão de Esquadrão Suicida. Não apenas tira a convicção da obra, mas também afasta o público de seu principal objetivo em mergulhar os fãs naquele universo.

O sucesso das obras de ficção hoje não depende apenas da performance do herói e de sua jornada dentro dos filmes e séries. O que os roteiristas e diretores já perceberam é o imenso engajamento que isso diferencia as suas obras. Quer um exemplo bem claro disso: The Boys. Você pode odiar as atitudes de todos ali, mas se encanta pela temática do seriado justamente por não ter “mocinhos”. Vamos combinar, nem mesmo a Luz-Estrela é 100% bondosa.

Falando de grupos, vale lembrar que os próprios Guardiões da Galáxia são bandidos conhecidos por todo o espaço sideral. The Umbrella Academy pode dar a visão de que estamos vendo super-heróis, mas são pessoas cometendo erros e vivendo no limiar entre o bem e o mal. Viktor Hargreeves é, inclusive, o principal oponente a ser derrotado nessa história durante a primeira temporada. Nos animês, Overlord e Death Note também comprovam que a fórmula dá mais do que certo.

Não se deixe enganar pelo sorriso de Light Yagami

O mal tem de ser bem-feito

O que muitos não entendem é a capacidade deste elemento tão importante virar um caça-níquel barato e sem o menor sentido de existência. O Coringa, por exemplo, foi um belo acerto e gerou ainda mais barulho às adaptações de Batman. Não podemos dizer o mesmo sobre Morbius e a sequência de Venom, quais falharam em pontos cruciais desta construção da Sony sobre o universo do Homem-Aranha. Enquanto a Netflix acerta no Vecna, é bom ela tomar cuidado com a nova produção de Resident Evil focada na família de Wesker.

Isso significa que, mesmo que muitos estúdios estiveram acertando na construção de suas histórias ultimamente, ainda há um caminho bem longo para elas trazerem confiança. O importante mesmo são estes personagens ganharem o tão sonhado destaque e finalmente poderem ser equiparados com suas contrapartes em qualquer história. Inclusive, no mundo dos games, algumas produtoras como a Ubisoft já compreenderam isso muito bem. Ou nunca notou que as capas recentes da franquia Far Cry têm como destaque os vilões?

O ponto principal é não mostrar apenas quem vai apanhar e as razões pelas quais isto está ocorrendo. O recurso está virando “moda” para mostrar o que levou aquele personagem a executar ações tão maléficas e que, mesmo tomando uma porrada do herói ou deixando seus oponentes no chão, nenhuma trama é apenas “preto e branco”. Não há mais apenas os bonzinhos e os ruins. Existe sim uma série de fatores a serem considerados e permitem que tenhamos o conhecimento de tudo o que rola ali por trás.

Em Far Cry, o foco são os vilões

Eu acredito fielmente que veremos bem mais histórias abrangentes assim num futuro próximo. Não, caros leitores, os spin-offs de Stranger Things não serão sobre Vecna e nem teremos um seriado para Thanos na Disney+. Porém, a série que tivemos sobre Obi-Wan Kenobi abriu um precedente para vários fãs pedirem Darth Vader como protagonista da próxima. Eco, vilã de Gavião Arqueiro, será a personagem principal de sua própria série no MCU. Adão Negro, do DCEU, também está prestes a ganhar destaque.

Onde essa inclusão vai parar é impossível dizer. Porém, ela já é uma questão bem importante nas histórias atuais e para uma obra obter sucesso. Se o vilão tiver um background interessante e que seja compatível com todo o crescimento que acompanhamos dos heróis, isso definirá muita coisa daquilo que consumimos. Portanto, sim, entramos na Era dos Vilões e toda a indústria de Hollywood está preparada para se fazer presente nela. E você?

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