O escritor Vladirmir Nabokov acreditava que os sonhos podiam prever o futuro, e para comprovar essa teoria, passou três meses anotando seus sonhos e buscando alguma conexão entre eles e a realidade.
A informação é do livro Insomniac Dreams, uma coleção de registros do diário de sonhos do autor , com escritos originais, fiéis ao seu método de composição, editados e contextualizados pelo estudioso de Nabokov, Gennady Barabtarlo.
“Em 14 de outubro de 1964, em um grande hotel suíço, onde morou durante três anos, Vladimir Nabokov iniciou um experimento privado que durou três meses, até pouco antes do aniversário de sua esposa (ele a convidou para se juntar ao experimento e comparar anotações)”, escreve Barabtarlo no primeiro capítulo do livro, que está disponível online.
O autor conta que todas as manhãs, imediatamente após acordar, Nabokov anotava o que conseguisse lembrar de seus sonhos, e durante um ou dois dias seguidos, buscava qualquer coisa real que se assemelhasse a eles.
Seu objetivo era “testar uma teoria segundo a qual os sonhos podem ser precognitivos, assim como podem estar relacionados ao passado. Essa teoria se baseia na premissa de que imagens e situações em nossos sonhos não são meros fragmentos caleidoscópicos emaranhados, ou fragmentos errôneos de impressões do passado, mas também podem ser uma visão proléptica de um evento que está por acontecer”, explica Barabtarlo.
Essa ideia tem origem em um estudo chamado “An Experiment with Time”, realizado pelo engenheiro e filósofo irlandês John William Dunne, no qual ele argumentava, em partes, que os sonhos nos proporcionam raro acesso à uma ordem superior do tempo.
Nobokov intilulou sua teoria de “memória reversa”, mas parece que seus dados não o renderam provas absolutas. Como aponta um dos exemplos mais fortes que desvalidam essa ideia: ele teve um sonho no qual comia amostras de solo em um museu, que precede um documentário de TV que assistiu sobre o solo do Senegal. No entanto, Gennady explica que esse sonho descrevia duas cenas de um conto que o autor tinha escrito há 25 anos.
Muitos dos sonhos de Nabokov estão presentes no romance Ada, que ele havia começado a escrever em 1959, e foi publicado em 1969, no qual em sua consideração à teoria de Dunne:
“Alguma lei da lógica deve fixar o número de coincidências, em um dado domínio, depois do qual elas deixam de ser coincidências, e formam, ao contrário, o organismo vivo de uma nova verdade.”